sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SEMENTE LIGEIRA

Esta semente deixo rapidinho, como escapulindo a mão ligeira da janela de um carro veloz que não pode parar. Tenho pressa. Mas, antes que pensem que retornei ao afobamento dos dias cheios (os quais acabam nos tornando, muitas vezes, cegos e surdos para beleza), sosseguem. Não é isto, aliás, os que virão, se Deus quiser, irei procurar domá-los com o chicote da paciência. Não se trata desta pressa, nem desta agonia.

Esta é apenas porque a palavra escrita me faz falta, parece levitar, borbulhar, por vezes morrer nas mãos, na língua dos dedos e isto tudo dá uma coceira danada. Melhor curar. Não custa nada pedir um computador emprestado, mesmo com a tecla do 'backspace' travada, o que ocasiona por diversas vezes ter que refazer frases inteiras. É, parece que o chicote da paciência anda ágil.Pois bem, estou aqui enquanto posso.

Assim, antes que o computador apague, eu queria que as palavras dissessem o quanto estou lavada pelo mar de Tamandaré, cujo sal parece adoçar a alma. Seria bom também dizer que andei com uma saudade danada de Renato Russo com sua voz de Elvis, suas letras inusitadas, rimando 'romã com travesseiro', articuladas diretamente com o coração da humanidade inteira, de uma juventude que tinha muito, mas muito amor por desejar. O mundo anda mesmo complicado para não valorizarmos a arte e andei soltando a voz, ao som do violão do meu filhinho do coração, sobrinho muito amado, que anda tocando tão bem ao ponto de não me acompanhar, mas sim me perseguir nas cordas.

Foi ótimo também pegar a estrada ao lado de um companheiro muito legal, cuja conversa precisou ser interrompida pelo bom senso, sob pena de, possivelmente, amanhecer o dia tagarelando. Quem sabe a tagarelice continue por email, se o endereço estiver certo. Passei, assim, da praia ao sertão, especificamente, cariri do Ceará. Em decorrência de uma atividade que não poderei declarar aqui, para não estragar uma certa surpresa, desde ontem ando rindo com lágrimas nos olhos. Uma coisa declaro: é muito bom poder ouvir palavras do coração, poder ver velhos irmãos se amarem tanto, apesar de tantas coisas, ou até mesmo por causa delas.


Encerro aqui esta semente remendada pelas ações involuntárias do teclado, antes que o chicote da paciência quebre e eu termine sem dizer que meu afilhado novo, mesmo que às vezes se pareça com Mr. Magoo, é lindo e parece ter gostado de mim, pois se cala nos meus braços. O que mais pode querer uma pessoa, senão fazer bebês calarem o choro e irmãos chorarem de emoção?


Termino então cumprindo minha promessa: estou mais velha e imensamente mais feliz.


Brejo Santo - CE.


Magna Santos