segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

POESIA?*

Quantos a tentar definir poesia...
Rima?
Precisão?
Êxtase?
Compaixão?

Sim
Não sei definir poesia

Poesia é imprecisão
É busca
Aperto
Leveza
Explosão
Poesia
É tudo
E quase nada
Daquilo que se vive

Poesia é deixar-se
Embora dentro
É prender-se
Embora fora
Ah, poesia é aquilo
Aquela coisa...
E o poeta dizendo não
Fazer-se
Faz-se
...
É contradição


Magna Santos
*Escrito a partir das citações feitas por Gustavo de Castro no blog Razão Poesia (http://casadasmusas.org.br/blogs/gustavo/?p=1069)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CAMINHO*

Quando a ilusão nos perde de vista
Ganhamos o horizonte das possibidades.

Magna Santos.
*Tirei esta fotografia na Praia de Carneiros em Tamandaré-PE, onde os horizontes são todos lindos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

EU VOU, EU VOU...

Ah, Deus do céu! Quantas vezes preciso acompanhá-la em uma aula de natação para aprender tanta coisa. Minha filhinha do coração, sobrinha amada, é assim: quando chega, todo mundo sabe, não porque faça barulho, mas porque ilumina a todos e cumprimenta verdadeiramente: "_Tia Paula, cheguei. Esta é minha tia. Tia, esta é tia Paula" - falando à professora já na água. Apresentações feitas, chega a hora de entrar na piscina. "_Chegou atrasada, né, mocinha?".

_ Rápido, tia. A touca.
_ Agora você tem pressa, né, florzinha? Tenha calma, preciso te ajudar direito.
Minhas mãos atrapalhadas não coordenam o cabelo na cabeça ansiosa. Vários fios de fora.
_ Ai, meu Deus! Assim não, tia.

A professora interfere:
_ Tenha calma, vou te esperar. Venha que eu te ajeito.
Dando, então, o certificado para o meu péssimo jeito de colocar um cabelo dentro de um touca e a senha para ela estar lá num pulo: "scabum!".

Respiração coordenada com braços e pernas, ela ía. Uma, duas, três... Na borda sempre confirmava se eu olhava e lá estava eu: polegar para cima, sorriso aberto e vontade de nadar também.

"_ Voltem de costas". E lá ía ela, junto com os demais. Ao vê-la ali tão linda, tão feliz, não tem como não estar também, não ser. E ao olhar a data, inevitável não lembrar que, há 6 anos atrás, o seu peito foi aberto pro coração ser consertado, enquanto o nosso permanecia espremido, apertado, suspenso. Não havia uma copeira, faxineira, médico, enfermeira que não saísse ouvindo um "obrigada" dela. Doze dias de internamento, doze dias de agradecimento; finalizou com todos nós de mãos dadas, caminhando no estacionamento do Hospital Português e cantando: "eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou; pararatibum, pararatibum...".

O seu coração nos fez prestar mais atenção ao nosso e ainda hoje faz:
_ Tia, ele está com fome. Você tem um biscoito?
Assim ela aponta para o que já corremos o risco de ver como banal: a fome alheia.

Próximo mês, fará 11 anos. Já falei dela aqui e este antecipa os parabéns para o que, na verdade, sentimos cotidianamente com sua presença. O tempo passa ligeiro pros pequenos. Se antes os tínhamos como bebês, rapidinho os vemos andando, pulando, nadando... Feliz, portanto, aquele que pode aproveitar cada fase, acompanhando-os de perto.

Feliz sou eu por tê-la por perto. Por isto sempre lhe repito o que disse na borda da piscina:
_Tenho muito, mas muito orgulho de você, amor da minha vida! Eu te amo!


Magna Santos

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

INSÔNIA*

Houve tempo em que dormir era um grande privilégio ...
Houve?
Acho que esse tempo é agora.
Levanto-me, saio, sento, assisto
à TV
Ao computador ...
... à minha vida.

Espera ansiosa por um dia que não vem.
Esqueço que estou dormindo
Para me acordar em tempo.
Quanto tempo falta?
Quantas horas durmo?
Será que eu acordo?
Será que estou sonhando?
Seria um pesadelo?
Um sonho exótico
De um país vizinho,
Vizinho ao meu.
O continente está perto de ser deslocado
Como a África das Américas.
Quanto tempo levou?
Continentes estranhos
Sonhos distintos
Ideais distintos.
Sadios, absurdos.
Eram irmãos.

E o globo se põe a girar
E a hora a passar
Correr ou se arrastar.

Luzes apagadas no edifício vizinho
Lá, por certo, dormem
Serenizam, sonham
Se eternizam
Nesse tempo absurdo
Que não volta mais...
Quando o sol surgir
Vou perguntar:
“_Onde esteve
Que não aqui?”



Magna Santos

*Escrito em 2002.