quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus, 2010

Sorrirei pétalas de flores, chorarei lágrimas de champagne e pularei sete vezes em nome do teu sucessor.

Depois...ah, depois...
Depois não sei ainda.


Só me resta mesmo esta paisagem. Este balanço, esta sombra e a despreocupação com o amanhã.

Só me resta este cajueiro e minha rede. Eis o que tenho para ver nos próximos dias.


Estou de férias, amigos. As palavras repousarão em minhas mãos por alguns dias. Balançarão comigo e voltarão
no final de janeiro, se Deus quiser, para uma nova plantação.

Obrigada pela companhia carinhosa. Que Deus abençoe a todos!
FELIZ 2011! Um ano cheio de poesia para todos nós!



Magna Santos

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ah, essa época natalina...!
Há quem se estresse
Quem alivie a própria consciência
...
Há quem se limpe
Se suje
Há quem mate
Quem compre
Há quem pare
Pragueje
Há quem se arrependa
Aprenda
Há quem espere
Hesite
Há quem resista
Odeie...

E há sempre Ele...
Sempre haverá

Ensinando a não mais se esperar pelo Natal
para
Serenar
Limpar
Sujar
Criar
Seguir
Sussurrar
Agir
Ensinar
Fazer
Decidir
Obedecer
AMAR.


Feliz Natal! Que Jesus abençoe a todos!


Magna Santos

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PASSOS

No dia que foste embora
Pegadas ficaram em mim
Nada de apenas chorar
Queria-te vivo, seguindo-me os passos

Aconselhei-me com o vento
Que redemoinhou, respondendo

Levantou casas
Peito
Bolas
Foi-se embora chupeta
Carrinho
Canção
Foi-se embora
Carinho
Confeito
Algodão

Foi-se embora, pai

Restou-me tua esperança de caminhar...
Embora descalço
Embora cansado
Embora, pai

Peço-te a permissão
De calçar-me
Nos teus passos
É tudo o que tenho:
Teu querer
Meu querer
Nossos laços

E quando um dia
De novo
Te encontrar
Levarei crisântemos colhidos
No monte alto
...
Para onde subirei
Calçando teus sapatos


Para Dimas Lins

Magna Santos

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NA BANGUELA*

Acostumei-me a responder com raiva às minhas tristezas. Parada num abismo ou numa encruzilhada, deparo-me com incômodas faltas próprias, falhas compartilhadas e cobranças diversas. O cansaço se espalha invasor, tomando territórios, antes destinados ao sonho, ao devaneio criativo. A vontade de escrever não resiste ao peso nos ombros e nos olhos. Necessário trincar os dentes, não apenas para aguentar o tranco, mas para ter forças. A ATM já reclama, meu coração reclama, minha mente também. Assim, melhor parar de queixumes e olhar de frente o abismo...conversar com ele. Foi então que ouvi ao meu lado (quando os ombros pesam, teimamos em só olhar para baixo...ilusão):

_ Magninha, tu podes ir ver o Lenine no dia do meu aniversário? Quero os meus amigos comigo.

_ Claro.

Fomos lá: uma penca de amigos e o restante dos milhares sentados em suas poltronas à espera da atração da noite. O congestionamento rendeu mais de meia hora de atraso, porém as luzes foram apagadas e o palco ganhou outro charme, outra cor. Difícil explicar o que se passa no coração, quando constatamos aquele ganho inusitado, aquele estalo que diz: "meu Deus, é isso! Estou no lugar certo com as pessoas certas".

O sorriso de minha amiga valia dez shows e fiquei pensando que algumas pessoas realmente nasceram para serem pontes, fontes de união, de paz, de alegria. Isto dá uma esperança danada que renova, que trata, dá um chute de bico nas reclamações.

"Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa"

O pernambucano arrepiou a cearense:

"Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal pra alguém"

Das faltas que me sobravam, das cobranças que me atordoavam, uma necessidade ele lembrava, quem sabe, uma sugestão:

"Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara..."

É mesmo, Lenine, muito rara. Por isto, aproveito para comunicar: eu vou é na banguela, amigos.


Magna Santos

*descer a ladeira sem engate de marcha nem força, só no embalo do vento, da descida.