domingo, 24 de abril de 2011

SONHO DE PÁSCOA*

_ Não faz "cosquinhas" na minha barriga. É onde eu tenho mais. Pára. Vem, Paulinho, me ajuda com ele. Sobe nele, puxa os cabelos. Pára, Jesus, pára!
...
...
_ Não, Jesus, não pára! Não pára nunca mais!


Magna Santos

*Não dá pra ler a autoria desta belíssima ilustração. Em email recebido da amiga Nanda, diz apenas que o autor quer permanecer anônimo, apenas assinando: "Jesus Painter". Caso alguém saiba, favor informar. O artista merece todos os créditos, além do meu agradecimento por retratar tão bem um Ser tão feliz.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PEQUENO RECADO A BANDEIRA*

Esqueci teu aniversário, lembrei apenas do índio que compartilha o dia teu. Tu, pequeno como te julgavas, deve se alegrar por partilhar a data com estes esquecidos de tudo. Eles que um dia foram muitos, como testamento, não deixam nem terra nem água, pois não consideram nada como seus. Deixam, como tu: a vida, a lida e o muito do que não têm.

Assim, Bandeira, em nome de todos os esquecidos, que teu nome seja asteado em todas as estações, sobretudo no inverno, aquecendo os desabrigados.

Assim seja.


Magna Santos

*É pra Bandeira, mas a publicação deste vai, especialmente, para meus generosos amigos do blog No Toitiço e o poeta Tadeu Rocha, cujo pedido acabo de responder com esta publicação.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MIRA

Mais uma vez, as palavras viajam.
Preferem o silêncio, o aconchego dos ares que as levem para bem longe.
Difícil ter a palavra certa na hora adequada.
Difícil também responder em silêncio a quem julga necessitar de discursos, explicações.
Nem sempre sei o que dizer...nem o que não dizer.
Nem sempre sei ficar em silêncio, mas simpatizo com os momentos, quando as palavras saem pelos olhos.
Quando a dor é grande, pretende-se remédios milagrosos.

Olhos perdidos me chegam, denunciando que há muito vagueiam.
Só me enxergam, quando me fitam para não errarem o alvo.
Viro mira.
Finjo uma morte que sorri ao ver que os olhos perceberam.
E é bom morrer assim.

Chega o fim e ele às vezes é custoso.
Faltou o bombeiro, a polícia, o caminhão...
Tanta coisa...
Arrisco risos para quem me devolve irritação.
Na próxima, ele verá que sobrevivi e poderá perdoar-se e me perdoar as faltas e o desejo incontido de ampará-lo.

Sim, os medos continuam.
Os desejos também.


Magna Santos

quinta-feira, 14 de abril de 2011

SEM BÚSSOLA

Depois de um dia deparando-me com a dor alheia, sobrou-me pouca coisa ou quase nada para ofertar a quem quer que seja. Escapo para os amigos, antigos amores, só solidão. Escapo para o ocaso, só compaixão.

Escapo entre dores e amores.

Chego aqui e esta terra úmida tem tanto de mim...


Deito e descanso.

Ao menos Oswaldo me dirá algo amanhã. Ao menos ele poderá me falar que "a vida é bola de gás, segura a corda com a mão". E caso eu não consiga entender, ele completará:


"A estrada sempre tem luz
o amor tem sempre razão
quando a alegria conduz
não importa qual direção"

Por isto, vou esquecer da bússola e vou, vou me deixar ir.


Magna Santos

domingo, 10 de abril de 2011

PREGUIÇA

Nessa preguiça em que me encontro
Viver é fácil

Deslizo

Escorrego
De todas as dores e desconfortos


Nesta preguiça
Encontrar-me é difícil
Pensar também

Falar impossível
Cantar mais ainda

Deito e assisto
Ao nada que produz
Um levitar de ares ao redor de mim

Respiro como se pensasse
Como se
Falasse
Como se
Cantasse

E assim fico
Esquecida de mim



Magna Santos

sexta-feira, 8 de abril de 2011

RECICLADO

Piedade, meu Deus!
Eu não sabia do fim

O asfalto na cara é o que me resta

Deste mundo sofrido

Pessoas me perguntam

Sem que eu atine
Respostas
Algo aconteceu...
Só uma buzina
Uma luz

São minhas lembranças


Piedade, piedade!

Já não escuto nada
O asfalto na cara esfria

Meu corpo inteiro


Piedade, Criador!

Cada garrafa, papelão, papel
Vale o tempo perdido
Agora reciclado

Piedade, meu Deus!
Onde ela está agora?

...
E eu?
...

Onde estou?



Magna Santos

sábado, 2 de abril de 2011

VERDADE

Verdade é
Tatuagem com convicção
Depois de um tempo
...
Vê-se que o dragão

Poderia ser uma flor
Ou apenas

Uma semente

...
Talvez.



Magna Santos

sexta-feira, 1 de abril de 2011

MENTIRA

Mentira é o não
Inconformado
Por ser não.

Desistente de si mesmo.



Magna Santos