quinta-feira, 18 de março de 2010

ROBERTO CARLOS RAMOS*

Hoje vi um menino crescer ativo, sofrido, doído e, por fim, feliz.
Hoje o vi nos trilhos em busca de um trem atrás de si.
Hoje prestei atenção na dor de alguém e imaginei tantas outras dores
Hoje chorei porque ele teve pouco e é muito.

Meninos e meninas de um Brasil com vários e de raros
Brasis incansáveis da lavadeira que acorre ao primeiro comercial...
Quanta responsabilidade dos publicitários

Quanta responsabilidade!
O que vender?
Pra quem?
Quem vai perder?
E ganhar?
Quem vai?

Cheguem aos montes
_ Tragam as vasilhas!
_ Levem pesadelos
_ Paguem com sonhos

Ou seria o contrário?

Há pouco o vi correr na rua
Construir histórias mirabolantes
Para crianças hilariantes

É, a vida surge sempre
Quando se tem uma chance
Uma só
De graça...
Comprando com esperança
Pagando com perseverança

E fé
Lucro líquido
E certo.



Magna Santos

* Este é o nome de um menino, cuja vida é contada no filme brasileiro: "O contador de histórias". Há mais sobre o "menino", clicando aqui.

8 comentários:

Anônimo disse...

Cara comadre. Seus textos estão cada vez menos preguiçosos, daqueles, a gente acaba e ler novamente e a cada lida consegue ter emoção. Sou um leitor inquieto, poucos me prendem tanto o quanto tenho me demorado nas suas escritas. Escreva, um dos prazeres é desfrutar da sua visão do mundo. Orgulhosamente, parabens! Halano.

Magna Santos disse...

Cumpade, você é bem suspeito, mas me enche de alegria.
Você e Poly precisam assistir a este filme(sem as crianças). Utilizei-o no meu trabalho...tive que me conter muito para não desatar no choro; assim mesmo, me escondi num cantinho e deixei as lágrimas rolarem e também tem humor, o que é bem bacana. Lindo demais!
Fique com Deus!
Abraço.
Magna

Marina disse...

Pra gente ver que nem toda criança que cresce sem recursos torna-se bandido. É uma linda história. É um lindo poema, Magna. Beijos!

Dois Rios disse...

Magna,

Que bela e sensível homenagem você presta ao Roberto Carlos Ramos nesse poema "biográfico" que representa tantos meninos e meninas que vivem à margem da sociedade, à espera de uma chance que plante neles a semente da dignidade.

O filme é simplesmente belo e sua palavras me emocionaram.

Grande beijo, minha querida!
Inês

Magna Santos disse...

Marina e Inês, ao falar de recursos, se deve lembrar que esta palavra abrange tanta coisa, né?Comida, saúde, moradia, mas também e muito afeto. Alguns não têm mesmo nada desses itens tão essenciais. Para se amar é, sem dúvida, fundamental ser amado. Esta história nos ensina muito mesmo. De fato, Inês, é simplesmente bela.
E ficamos nós aqui pensando o que temos feito com o que temos recebido. Corrigindo: fico eu aqui pensando.
Muitos beijos.
Magna

tesco disse...

O que nós, adultos, não podemos perder é a esperança. E as crianças a tem em grandes doses. Temos que preservar as crianças, dar-lhes boas condições de desenvolver o seu futuro e, assim, conservarmos também nossas esperanças. _Beijos.

Dimas Lins disse...

Magna,

Lindo poema! Eu, que ainda não assistir ao filme, talvez por preguiça, enfim pretendo vê-lo.

Estás cada vez melhor em teus textos.Desde a primeira vez que vim aqui, li coisas bem elaboradas e de leitura prazerosa. Essa é mais uma delas.

Ah, obrigado pela visita no Estradar.

Dimas Lins

Magna Santos disse...

Dimas, que alegria você aqui! Obrigada pelo retorno e pelas palavras sempre tão amigas. Bom tê-lo de volta:aqui e no Estradar.

Tesco, às vezes pra criança também falta a esperança. A diferença é que elas têm uma forma bem peculiar de lidar com esta perda. No filme, vemos isto. Assistimos como se pode perder e recuperar a esperança.

Abraços.
Magna