sábado, 27 de dezembro de 2008

UMA REDE, UM CAJUEIRO, UMA PAUSA NA PLANTAÇÃO

Finalizando cada ano, muitas vezes, fazemos um balanço do que passou, com o fim de nos melhorarmos para o que está por vir. Pois bem, não sou tão diferente de ninguém assim. Comunico a quem cair nas terras de Sementeiras que minha alma e meu corpo também estarão fazendo o tal balanço, o qual espero durar o tempo suficiente para meu regozijo...

Ah, redinha do meu sonho
rec rec
Ah, balanço tão esperado
rec rec
Ah, cajueiro bom!

Se minha alma não quiser voltar
Me acorde
Se mesmo assim, ela não retornar
Não desista
Faça cócegas no meu pé
Que depois que o galo cantar
Ela desperta.

_ Não canta, galo, não canta.

Que 2009 venha com paz, amor, prosperidade, saúde, alegria, fraternidade, compaixão, fé em Deus e em nós mesmos!
Que o Criador abençoe a todos!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

NATAL FELIZ


Estava perto, quando ela te chamou humildemente, pedindo que tu entrasses, quase a puxar uma cadeira para poderes sentar. Seus cabelos brancos me convenceram. Ela sorria como se te visse e eu, sem poder enxergar-te, verti-me em lágrimas abundantes. Por pouco não perdi a voz.

Hoje minha voz quer falar-te através dos dedos, pois tenho te pressentido entre os meus. Há pouco, uma criança falou o teu nome e muitas juntas cantaram 'parabéns pra você', emendando um rá-tim-bum que alegrou a todos. Como somos felizes quando te lembramos!

Escolheste uma bela data para nascer e sei que a idéia do lugar também foi tua, pois és amigo da beleza. Amor é o teu nome e teu sobrenome é humildade. Esta que nos falta a todos. Como deve ter sido belo aquele momento! Ah, eu queria, Jesus, poder ter sido uma ovelhinha em meio aos pastores para assistir ao teu nascimento. Queria estar ali em meio às plantas, às flores, aos gravetos que José conseguiu para esquentar teu ninho. Queria ter seguido junto com Baltazar, Belchior e Gaspar em tua direção, seguindo a estrela guia. Mas, certamente, Senhor, eu teria levado as mãos vazias ou cheias de pedras...quem sabe.

Hoje, vejo-me amparada pela certeza da tua presença amiga. Pouco ou nada sei, meu Senhor. Mas, toda vez que te escuto, é como se soubesse, é como se pudesse e assim vou crendo cada vez mais. Todavia, ainda estou tentando sacudir o pó das sandálias, como recomendaste aos teus amigos, porém receio que não o faço com vigor, uma vez que ainda me pego ensaiando retornar a velhas estradas. Tu tens respostas para tudo e, mesmo para os que não te crêem, é difícil não ver que o mundo seria melhor se seguíssemos as tuas pegadas.

Obrigada, Jesus. Obrigada por tudo. Que possamos ter forças de te agradecer em ações e não somente em palavras. E que a humanidade te receba, definitivamente, no coração, coroando de paz todo o mundo. Que o teu Natal se perpetue por todo 2009!

Assim seja.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

RETRATO

Um senhor que me fala sobre o tempo...
Bengala à mão
Olhos acolhedores
Sorriso disfarçado com ares de seriedade.
Pausa para a foto
Como a parar o tempo num retrato
Com a língua mais precisa do que uma navalha
Sai cortando os versos
Distribuindo palavras
Entre uma casa e outra
Entre uma janela aberta
E outra semi-cerrada
Ou seria semi-aberta?
Cores diferentes a dividir paredes conjugadas
Casas antigas...
Falam tão bem de nós...
Do mundo...
Faltou-lhe passarinhos
Passarão
Passarinhos
Sobrou-lhe
Verdes
Nascidos ao pé da parede
Crescidos no chão antigo...

Chão da delicadeza.

Além de Quintana, este vai para todos os fotógrafos que captam imagens tão essenciais a nossa humanidade e, muitas vezes, não vêem seus nomes citados, ou por desrespeito, ou por causa do não saber dos seus "usurpadores". Este último caso é o de Sementeiras. A todos minha homenagem, o meu pedido de desculpas e a esperança que se identifiquem.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

SUPER-HERÓI DE BOTAS

Ontem o menino me mostrou um maço grande de canos de alumínio a serem mexidos e remexidos para virarem um varal. Não é suficiente o já pronto, o improvisado, o arranjado. Feliz ele se sente mesmo é em projetar, bolar, meter a mão na massa, do modo mais simples das pessoas de bem, que vêem nas próprias mãos fábricas inusitadas para suprirem necessidades pequenas ou grandes. Em vão as tentativas para demovê-lo da idéia, não há argumentos suficientes para lhe tirar este trabalho, que, desconfio, será um prazer. Quanto tenho aprendido com ele! Quanto ainda minhas mãos hesitam, vacilam...

As suas, ao contrário das minhas, desde cedo trabalharam, mas também brincaram, traquinaram. Bicicleta, cavalo, bola, latas, pedras, armadilhas, baladeira, carrinho de lata, bola de gude, desde cedo a atividade era grande. Mãos e pés ensaiavam o dinamismo constante que seria sua vida. E não parou mais. Canivete para as valentias, logo podadas pela mãe; treinos de um super-herói, que depois descobriu onde estavam as verdadeiras armas. Alguns ajustes para não perder o roteiro, o prumo, para também fortalecer o que, mais tarde, deveria estar mais forte. Assim, o colete para coluna e as botas ortopédicas lhe ajudaram a se manter firme, a pisar melhor.

Menino bom, que cedo inventou de pedir ao avião que passava: "avião, me manda um irmão!". Foi contrariado com a chegada de uma irmã, aprendendo que nem tudo vem conforme se pede. Também aprendeu a dor da despedida logo cedo, o que o fez engolir carboreto no lugar de bombons, fato incompreensível para a menina do avião que adorava uns confeitos, uns doces. Mesmo com tanta incompreensão, ele cedia aos pedidos dela e, de vez em quando, amarrava toalha no pescoço para voar melhor em busca de alguém em apuros. Era a dupla dinâmica a voar pela casa, pulando de cama, sofá, cadeira, salvando o mundo inteiro.

É, este é você. Não, você é muito mais do que isso. Teus pés caminham firmes esse tempo todo, embora o cansaço às vezes te visite. Sabes que não estás sozinho e isso é muito bom. Aos poucos tenho aprendido os valores que há tempos já compreendes. Desconfio que a menina do avião começa a aterissar. Espero caminhar ao teu lado qualquer dia desses e poder te ajudar nessa estrada. Por ora, apenas te ofereço o que posso te dar: o meu amor. Ainda te vejo com toalha nos ombros e hoje carregando consigo tantas preciosidades para meu coração.

Voa, voa alto!

Quando o varal estiver pronto, aproveita para estender a paz, a alegria e a esperança. Estaremos ao teu lado para apreciar a paisagem.

Que Deus te abençoe e te proteja sempre!


Magna Santos