quarta-feira, 27 de julho de 2011

VENTO

O vento fez festa no dia.

Vento de agosto ainda em julho, despenteando as pessoas na rua. O cabelo molhado pesa na sua brincadeira, mas desassossegado tenta e consegue.

O vento também levantou os jornais de quem ainda tentava dormir na calçada, desmantelando a madrugada, já manhã, de quem sonhava em meio a pesadelos reais.

Vento de agosto em julho anuncia uma chuva fina que cai só para sujar os vidros e melar a tarde de quem esperava o sol.

Vento que sopra pra longe também os desgostos de quem se destempera, porque a noite veio cedo demais.

Vento sopra pra longe e traz para perto o ar renovado. Para dentro dos pulmões daquele que conta piada, como quem conta verdades ancestrais. Pulmões arejados com gargalhadas antigas.

Assim fica fácil ser feliz sem motivo...

Esse vento que leva e traz...


Magna Santos

11 comentários:

Luna Freire disse...

Que lindo!!!
Deu vontade de vento... e de vôo!

Magna Santos disse...

Então, voemos!
Beijo.
Magna

Dois Rios disse...

Que belezura, Magna! Você é uma artesã de palavras.

O vento é isso tudo mesmo. É meio senhor de si. Leva, traz, brinca, implica, faz barulhinho bom, varre, suja e até faz voar...

O lago não sabe
até que chegue o vento
quantas ondas tem.
David Rodrigues



Beijo,
I.

Domingos disse...

Bravo Magna ! Bravíssimo. E mais não digo. Abraços.

Magna Santos disse...

Pescadora, é muito bom contar com tua pescaria aqui também. Q
Que coisa linda, Inês, essas palavras de David Rodrigues.

Meu irmão mais velho, você está bravo por quê? "Se avexe não que amanhã pode acontecer tudo, inclusive, nada".

Obrigada, amigos.
Abração.
Magna

Dimas Lins disse...

Magna,

Belíssimo. Ia deixar uns versos para celebrar esse vento, mas transformei-os em tempestade. Os destroços, publico em meu site mais adiante.

Abraços,

Dimas Lins

Magna Santos disse...

Obrigada, Dimas. Quero ver depois a 'Tempestade' publicada. Poesia às vezes nasce assim...de mansinho, mas persistente sempre.
Abração!
Magna

João Carlos disse...

Comovente como o vento!

Magna Santos disse...

Obrigada, João.
Abraço.
Magna

Josias de Paula Jr disse...

Depois do muro, da desconfiança e ignorância de nós próprios, que nos impede de voar: o vento que traz renovação!
Curiosamente, dia desses publiquei um poema lá no Inscitos em que o vento era o portador do acaso e sua sabedoria...
Lindo texto, Magna!

Magna Santos disse...

Sim, Geó, lembro do teu vento avassalador de saias e outras coisas mais, não é verdade?
O vento traz mesmo isto: renovação, mesmo os que levam nomes de tempestade.
Obrigada.
Beijo.
Magna