quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MILAGRE

O espetáculo começava todo santo dia, porém algo especial marcou presença naquele raiar de sol. O circo estava com as portas abertas - sua tenda aberta - sem restrições. A cidade foi toda convidada: "venham todos, venham todos! O espetáculo precisa começar!". Repetidamente, uma voz infantil proclamava estas palavras em um lento carro de som. Era de um encantamento e felicidade que em cada rua, vilarejo, ponte, igreja, beco, o som era acompanhado de soluções:

Uns praticavam sorrisos
Visualizavam gratidões.
Mendigos nutriam-se de esperança
Policiais, de paz.
Empresários-lentidão.
Encarcerados-alegria.
Bombeiros-tranquilidade.
Meninos-de-rua-afeto.
Piratas-tesouros-espontâneos.
Mães/pais-conclusões...

O mantra persistente ecoava: "venham todos, todos venham!".

E foi assim que, no final do dia, estavam realmente todos. Juntos. Presentes. Unidos.

E uma lágrima desceu serena pela face do dono do circo. Finalmente, ele realizava à noite, o que havia lido ao nascer do sol:

"O milagre

Dias maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia
e do lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto
Dias mágicos em que os burgueses espiam,
através das vidraças dos escritórios,
a graça gratuita das nuvens". (Mário Quintana)

Magna Santos

17 comentários:

EDGAR MATTOS disse...

Sendo mais que pai, avô, nutro-me de muitas conclusões. Nem todas de dias maravilhosos... Mas uma delas é a de que, enquanto gente como Magna for capaz de convocar, com aliciantes palavras de eterno encanto, os de boa vontade para o espetáculo mágico da transformação, milagres se farão possíveis e à noite seremos todos felizes.

Magna Santos disse...

Quando um avô fala...até as estrelas param pra escutar. Teus netos, certamente, são muito muito felizes.
Não sei como responder a estas palavras tuas, meu amigo. Muito obrigada mesmo.
Abraço.
Magna

João Carlos disse...

Salve salve amém Jesus! E como diria meu outro guru, "mais não digo!"

Magna Santos disse...

Salve, salve, meu amigo João!
Mais também não digo, só te repetindo: fico toda ancha.
Muito obrigada.
Abração!
Magna

Tadeu Rocha disse...

Digo como Manuel: Belo Belo. Magna e Quintana nos remetem a sabedoria dos versos finais do poema de Bandeira:
- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
Um abraço carinhoso, de quem muito te preza.

Luna Freire disse...

Lindo, Magna... me emocionei. E o comentário do Edgar Mattos é maravilhoso. Depois que te conheci pessoalmente, vi que não são apenas tuas palavras que operam este espetáculo mágico da transformação, é a tua pessoa inteira!

Magna Santos disse...

Tadeu, meu amigo, que alegria tua presença e a lembrança de Bandeira. Sim, são sempre elas, as coisas simples, porque Deus (ou como lembrou João: Jesus) mora mesmo é na simplicidade. Tenho certeza que tu a miras no sorriso do teu pequeno Lucas.

Fabiana, Edgar é uma pessoa especial; lida com as palavras com generosidade, destreza, humor, delicadeza e, sobretudo, compromisso, pois sabe que as palavras são mesmo eternas. Seus livros estão aí para falar por ele.
Quanto a mim, quem me dera, minha amiga, ter tanta inteireza como tu dizes. Quem me dera ter um pouco da tua prática, esta mesmo que sai das palavras, dos poemas e faz acontecer entre meninos excluídos e desacreditados. Isto sim, Fabiana, é milagre, transformação e esta tu operas com tuas mãos todo santo dia que vais ao Coque.
Que Deus nunca te deixe a mercê dos poderosos, que Ele sempre te fortaleça a vontade de persistir no bem! Que nunca te falte doçura, humildade e esperança!

Abração em vocês.
Muitíssimo obrigada mesmo.
Magna

Anônimo disse...

Vindo aqui eu sempre volto com o coração em paz. O dia amanhece nesta sexta-feira com esse milagre poético e magnético de Magna. Eita Magna, milagre é a tua escrita que nos conforta. Milagre é andar sobre a terra. E mais não digo. Estamos vivos.
domingos

Magna Santos disse...

Domingos, meu amigo, já te disse, lá No Toitiço(Fusca), que este Milagre aqui foi parte por tua causa, pela notícia que deste a todos no dia das crianças, através do post "quando chegar em americana".
Foi minha forma de transformar aquele sentimento todo.
Obrigada, meu amigo.
Fique com Deus!
Abração.
Magna

Lua Nova disse...

Magna, vim poucas vezes aqui, mas sempre encontrei beleza, sentimento e aconchego como se a porta estivesse sempre aberta a quem aprecia a vida e a poesia.
O circo faz parte do universo lúdico da criança que depois o leva cravado no coração pela vida afora. Não duvido desse milagre da transformação conseguido pela boa vontade e pelo amor que há nos corações. ao amor tudo é possível.
Os versos de Quintana são como borboletas voando de flor em flor no jardim que vc plantou.

Beijokas e meu carinho.
Ótima semana.

Magna Santos disse...

Muito obrigada, Lua Nova.
E sim, aqui a porta está sempre aberta.
Beijos e uma semana de paz pra você!
Magna

Canto da Boca disse...

Eu não consigo dizer nada, porque tudo já foi dito.
E não quero que as palavras, estas que tanto nos liga(ra)m, nos aproxima(ra)m, se ressintam das pontes que cria(ra)m.

Impecável, Magnânima, Magníssima, Maga, Mágica!

Beijo!

Ilaine disse...

Magna, amiga!

Encontrei aqui palavras que me emocionaram. Escolhidas de forma minuciosa resultaram neste belíssimo texto. E então, adiciona-se quintanares... para um fechamento dourado. Estou encantada e feliz. Você é demais, escritora querida!

E eu ainda ouço a "voz infantil!"

Dois Rios disse...

Que beleza, Magna! A magia das tuas palavras aliadas ao encanto que o circo provoca, me dão a certeza de que, por existir circo e poesia, não haveria de faltar Magna e Quintana nessa nossa terra.

Encantada! Como sempre!

Beijos meus,
I.

Silvia Góes disse...

lindezas compartilhadas são aleluias... gratidão!

Dois Rios disse...

Ops! Voltei para corrigir um errinho de digitação:

aliada ao invés de aliadas.

Outros beijos,
I.

Magna Santos disse...

Queridas Boca, Ila, Inês e Silvinha, só tenho que agradecer a presença tão carinhosa e generosa de vocês.

Boca, quando penso que essas palavras vão se encontrar pessoalmente (novamente) sábado...que alegria!

Ila(olha só a intimidade), você me fez lembrar uma música que amo: Bola de meia, bola de gude. O que seria de nós, se não fosse essa vozinha infantil?

Inês, pescadora de belezuras, o encantamento nós colocamos toda vez que enxergamos o mundo com beleza, leveza, amor e alegria. Não é à toa que é lá que mora a "menina dos olhos".

Silvinha, aleluia mesmo! Talvez não haja sentimento mais comovente do que a gratidão...não sei...amor, sim, se equipara.

Fiquem com Deus!
Beijão!
Magna