segunda-feira, 4 de outubro de 2010

NERD

Quando se passa muito tempo no computador, os olhos são a primeira coisa que incomoda: ressecam-se, ardem e a vontade de fechá-los chega ligeiro.

Quando se passa muito tempo no computador, a cabeça cansa, os neurônios não sossegam. Ou sossegam demais?


Quando se passa muito tempo no computador, perde-se aquela companhia, aquele programa ou aquele papo com a mãe, que sozinha assiste aos últimos capítulos da novela. Que novela?

Quando se passa muito tempo no computador, corre-se o risco de pegar vírus. Sim, a corisa chega, a moleza também. Uma gripe simples, mas chata.


Quando se passa muito tempo no computador, toda palavra é lida com um peso fora do comum, uma atenção ligeiramente digna de uma lei, uma esperança exageradamente tenaz.


Sim, quando se passa muito tempo no computador, esquece-se daquele criado-mudo que deita o livro já há alguns dias.


Quando passa muito tempo, a comida azeda, o leite corta, o rango esfria. O amor esquece. A saudade chega. A noite vem. O dia custa chegar.



Magna Santos

11 comentários:

Arsenio disse...

Parece brincadeira, mas eu matutava sobre esse tema ainda na semana passada.

Ainda bem que você veio Magna e falou por mim.

Assino embaixo, com os olhos longe do computador. E graças ao seu texto, mais convicto de que o livro é um céu.

Assim como o dia é uma montanha. E a noite, uma inifinita comunhão dos corpos.

bjo grande e fraterno

Arsenio

Anônimo disse...

Cara Comadre. Some a isso a angustia de uma pessoa que só digita com o indicador, caçando as letras, e tendo um monte de e-mail que não sabe se abre ou não, pois nesse mundo quem não vê cara, não tem imunização. É duro ser matuto nesse mundo dos @, quando eu só conheço a arrouba do peso do gado.
Abraço, minha irmã. Halano.

Magna Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Magna Santos disse...

Pois é, Arsenio, a geração "computador" traz um paradigma bem diferente para quem está acostumado a falar olhando nos olhos, a ler nas páginas de um livro. O desafio é fazer um bom uso, aliás, como todo instrumento.
Confesso que, com esse negócio de ter blog, algumas vezes me sinto "escravizada", sobretudo, quando as palavras não escolhem os dedos para saírem de mim e o tempo de uma publicação vai demorando.
Se não fosse o gosto pela escrita...

Cumpade, você e suas tiradas. Parece até que estou te ouvindo dizer isso.
Agora, cá pra nós, para quem conhece apenas a arrouba do gado, você até que está bem sabido, né não, doutor vaqueiro?

Abração bem grandão!
Fiquem com Deus"
Magna

Luna Freire disse...

É... o computador, a televisão, o trabalho, a rotina... quando as coisas escravizam e nos impedem de perceber as coisas mais simples da vida, é hora de buscar tratamento para o vício.

Magníssima,
estamos realizando, na sexta-feira, 22 de outubro, um encontro de poetas na Biblioteca Popular do Coque.
O evento encerra a II Semana Contos e Encantos, que este ano traz o tema Carrossel de Poesias. É uma ótima oportunidade de cumprir aquela visita. Manda uma confirmação pro meu e-mail: bianasl@bol.com.br

Magna Santos disse...

Certíssima, Fabiana, qualquer vício escraviza, mesmo sendo uma escravidão escolhida e desejada. Ser humano é contradição.
Quanto ao que falei a Arsênio, sou salva pelas aspas que brotam do meu coração sertanejo e pela simplicidade apreendida há muito.

Mas então você fala do tratamento e oferece o remédio na Biblioteca? Ai ai...vamos ver, vamos ver. Seria ótimo ver aquela gente bonita falando poesia. Pelo que entendi, no blog da Biblioteca, terá o sarau das crianç no dia anterior, né? Nossa, Fabiana, este eu iria adorar assistir. Pena ser em hora de trabalho.
Depois nos falamos.
Obrigadão.
Beijos.
Magna

Marina disse...

Ultimamente, ando preferindo viver um pouco a ficar no computador. Minha mãe não vê novelas, nem eu, preferimos séries policiais.

Beijos, Magna.

Magna Santos disse...

Repetindo para todos: "toda palavra é lida com um peso fora do comum, uma atenção ligeiramente digna de uma lei". E, como diz o Vates e Violas: "nem tudo o que se lê, está escrito" e acrescento: nem tudo o que se escreve, é o que se vive, ou: não se vive ao pé da letra, gente.

Sigamos.
Beijos, Marina.
Magna

Josias de Paula Jr. disse...

Por outro lado, acaso não tivesse computador, era possível que nem soubéssemos um do outro. E eu não estaria a ler tuas sementes espalhadas... Nem tanto ao mar, nem tanto a terra

Magna Santos disse...

Está coberto de razão. Deus me livre de uma perda dessa!

Clenes Calafange disse...

O ruim é quando somos obrigados, por trabalho, a fazer isso. Chato, né?
Clenes