quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

TIJOLO POR TIJOLO

Costumamos receber emails de mensagens, emails assombrados, emails até evasivos, como somos, quando não queremos falar. Recebemos emails todo santo dia de gente à procura de um desconhecido, desaparecido, doente talvez. Recebemos emails, porque as caixas de correio, faz tempo, só servem para cobranças.

Agora, emails para dizer que está feliz, que saiu com o pai, andou a cavalo, estendeu seus olhos no horizonte e viu que a vida é boa...

Que saiu para almoçar com a família e gostou da comida e da surpresa que sentiu nas pessoas...

Email contando os planos sobre o plantio, sobre as compras na cidade e as paredes da casa nova que começa a erguer-se...


_ Em fevereiro - revela - provavelmente a casa estará coberta.

Eu de cá entendendo que muito mais está a se cobrir, a se erguer...tijolo por tijolo, telha por telha.


Como sobra, terás a paisagem do alto de tua casa, brincarás com os meninos à tardinha e pela manhã. Dormirás na rede com ela e acordarás com o menor te fazendo cócegas nos pés. Depois disso, teu maior já te esperará para contar a última descoberta, respondendo sem pestanejar de que cor sãos os olhos teus.


_ Teu afilhado não pára, está andando tudo tudo.
_ Eu sei, cumpade, eu sei - não sei como, mas sei.

E sei também que muito email desse irei receber. Emails e telefonemas, mesmo que te chamem no meio da conversa para atender o filho do morador que acabou de furar o pé no arame farpado.

Sim, doutor, eu também sei que este caminho não tem volta e mais tarde, ou mais cedo, sempre nos encontraremos, quando então descobriremos que nunca estivemos separados.


Magna Santos

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