segunda-feira, 6 de julho de 2009

VOLTANDO

Vocês vêem coisas. Aqui não sou eu a escrever. Desconfio que não cheguei ainda. Ainda estou lá...onde não sei. Talvez me demore na porteira admirando o ipê que não floresceu. Quem sabe abraçada ao jasmim, plantado por mãos avós que não conheci. Devo estar numa rede contemplando o Araripe, buscando classificar suas cores tão singulares, tentando também imaginar as vidas naqueles pontinhos brancos que dizem serem casas distantes. Lá, por certo, não se precisa de geladeira nem de luz elétrica nem de gás. De que se precisa lá, meu Deus?

Lá, onde não sei, devo estar acompanhando uma criança alimentando pintos. Saudade também se sente das galinhas, mesmo que depois as coma e repita mais e mais e mais, como se iguaria e criatura fossem diferentes, como se aquela do prato fosse algo fabricado, bem distante da amiga do quintal.

Os sons ainda estão nos meus ouvidos. Acostumei-me aos plurais engolidos cheios de risadas e tudo mais. Reconhecer uma voz antiga, rir com outra aprendendo a falar. Rir também de tantas outras coisas...de perder o fôlego! Rir de si mesma, dos outros, da vida, das diferenças das gerações que nos acordam para o passar do tempo.

Ah, sensações!

Devo estar ainda cantando um "parabéns pra você" numa farra assim, digamos, bem "thriller", pois é necessário atualizar os acontecimentos.

Sim, é necessário atualizar-se. É essencial estar em dia com o coração para deixá-lo chorar de emoção ao ser convidada para madrinha de mais um amado pequeno com nome de avô. Quanta honra num convite, quanto isto representa!

É preciso estar aberta a conhecer gente nova, receber um presente cheio de poesia, trocar abraços e sorrir, mesmo sem jeito, com o convite para o compartilhamento de palavras. Outra honra.

Demoro-me demais nos cantos. Mas, creio, já peguei o ônibus, já tentei dormir no seu embalo, já me assustei com a chuva e o horário de retornar ao trabalho, quando aqui entrei nesta cidade de surpresas.

Cheguei, portanto, para outras viagens.


Magna Santos

4 comentários:

Luna Freire disse...

E chegaste inspirada...

Anônimo disse...

É tão bom participar dessa intensidade, que nossos encontros sejam sempre assim. beijos de sua "cumade" Polly.

Hérlon Fernandes disse...

Há pessoas que conseguem partir e permanecer nas impressões deixadas... Tenho certeza de que deixaste muito de tuas impressões entre este lugar conhecido... Passas e capturas a alma das coisas, aprisionando-a na eternidade da palavra.
Abraço forte!

A Autora disse...

Magna,
Pela descrição, desconfio que passamos as férias no mesmo ambiente, recheado de alegrias simples e de um ócio enriquecedor.
Também sinto-me assim, feliz e com a necessidade de agradecer por esses dias.
E que consigamos prolongar essa sensação boa até as próximas férias, ao menos...
Bem vinda de volta!