sábado, 17 de outubro de 2009

EPIDEMIA

Tempos atrás, após um comentário de Hérlon do Arqueologia da Alma sobre gostar da minha "veia poética", fiquei pensando sobre minha saúde artística (se é que posso chamar assim, mas por falta de nome, fica este mesmo). E, pela falta de inspiração e de tempo, nas quais estou mergulhada nos últimos dias, só me resta uma confissão: a minha veia encontra-se obstruída.

Acabo de visitar o Arqueologia e percebo que o mal foi igualmente confessado pelo autor do blog. Vou ao Inscritos em Pedra e o Josias encontra-se mais silencioso que a caricatura de um psicanalista. Ana Cláudia, do Ninho da'Ninha, está Lúgubre desde o dia 15 de setembro. Até o Samarone, que parece inesgotável nos assuntos, recentemente declarou-se sem inspiração. Então tiro a conclusão fatal: trata-se de uma epidemia.

Corram, portanto, aqueles que ainda não se contaminaram. Defendam-se como puderem, porque o caso é sério. Desse mal, creio, alguns já sabem do antídoto, mas a maioria não. Já ouvi falar que essa tal de inspiração é besteira, que escritor que é escritor não precisa da dita cuja, o negócio, dizem, é transpiração. Porém, isto só agrava minha situação, uma vez que não tenho essa petulância de me dizer escritora. Assim, confesso aos quatro ventos: preciso de inspiração, até porque transpiração em si não me tem faltado.

Enquanto meus colegas de infortúnio não me derem a solução, quero mesmo é encontrar um doutor-das-veias-poéticas-obstruídas para me fazer um cateterismo ou angioplastia urgente. Pagarei com letras e palavras serenas à vista, se achar melhor, pois a prazo também me custa. Não pedirei desconto ou regalias, só uma coisa, pelo amor de todos os poetas: deixe-me ir para casa logo. Perambular sem rumo, como estou agora, dá-me a sensação de que não sei para onde ir. Sim, porque estar com essa obstrução, acarreta tais sintomas: perder o rumo de casa, estar sem bússola e com uma venda amarrada nos olhos.

Contudo, a brisa, o vento e a luz que teima em penetrar na escuridão sinalizam que estou encontrando o caminho de volta. Em breve, chegarei. Chegaremos, amigos.

Magna Santos

16 comentários:

Hérlon Fernandes disse...

Um bálsamo essa sua crônica sobre essa epidemia de falta de inspiração... Também só escrevo quando estou inspirado, porque a escrita, para mim, vai mais além do que uma transpiração mecânica - que me perdoe o João Cabral de Melo Neto (o poeta engenheiro)...
Espero, amiga, que esse vazio que se forma em nós esteja pronto para receber um fino azeite que nos encha até as bordas.
Mando o perfume dos cajueiros carregados daqui do Cariri, mais o aroma dos pequizeiros do Crato para que atuem na metafísica da sua escrita.
Abraços fraternais.

A Autora disse...

Amiga, calma! A Poesia não sai de nossas veias, e nem há gordura no mundo que consiga tal obstrução. Podemos até não escrevermos a Poesia, mas a gente não deixa de vivê-la, certo?
Calma, calma... a sua Poesia também está descansando. Vai ver não é epidemia nem nada: é só o período de hibernação.

Beijos! E grata pela referência!

Marina disse...

Não acho que o problema seja falta de inspiração; é estresse mesmo. Você chega em casa, senta ao computador e percebe que a dor nas costas é maior que qualquer veia poética. Inspiração se inventa; pessoalmente, eu tenho meus "criadores de inspiração", mas sou da opinião de que você só escreve quando o corpo e a mente deixam. Então, não adianta inventar moda, primeiro tem que cuidar do cansaço. Descanse. Alimente sua alma. Beijos.

Luna Freire disse...

Vejo que o remédio vc já está tomando. Está escrevendo. Passei quase três anos à beira da morte poética... e um doutor me recomendou um blog. Isso aliviou muito os sintomas, embora as vezes, e sob efeito do estresse, eles retornem. Mas, posso declarar, sem medo, que o tratamento está sendo um sucesso.

Gaby Lirie disse...

Concordo com a Marina.

Mas creio que essa "Falta de inspiração" te deu uma inspiração sim pra criar esse ótimo texto.

Grande Beijo.

Anônimo disse...

"Magna"


Não sou escritor, não contemplo inspiração para a glória da escrita, não transpiro pelo caminhar das palavras, não me desespero pelos poetas momentaneamente calados ... Sou um curioso que se admira pelas palavras mansas de quem escreve com o coração, vejo a beleza em quem experimenta e seduz com as palavras !!!! Em breve sei que os amigos poetas terão acesas suas inspirações e nos presentiar com belas histórias !!!


Abraços,

André Coutinho (Tricolor Virtual)

Magna Santos disse...

Hérlon, arranjei algumas cajuínas (o Atacadão vende) para matar um pouco as saudades do gosto daí. Tomara que dê resultado.

Ana, Deus te ouça. De fato, o melhor é a poesia vivida, as palavras vivenciadas. Mas...o período de hibernação...quando termina mesmo?

Marina, como você adivinhou sobre o meu cansaço?

Gaby, grata pela observação sobre o texto. Essa é uma tática minha e de muitas pessoas: falar (até rir) da própria "desgraça" para ver se ela desaparece. Tem funcionado até agora.

André, que bom tê-lo aqui! Seja bem-vindo. Sempre li suas palavras pelos blogs afora. Importante você dizer que não é escritor...por um momento eu pensei que dona inspiração tinha feito morada com você. Já ía pedir o endereço.

Obrigada pelas palavras, amigos.
Abraços em todos.
Magna

Magna Santos disse...

Luna, o remédio às vezes é amargo, mas sempre funciona, quando acompanhado de exemplos de outros convalescentes em plena recuperação.
Abraço e obrigada.
Magna

Anônimo disse...

"Magna"


É uma satisfação minha poder visitar seu blog, desculpa se não tenho o ofício de escrever, mais posso fazê-lo para te presentiar, aí é só você passar um e-mail que te mando alguma coisa (rsrsrs) ... Não sei como é sua relação com o Futebol, é que mandei um texto lá pro 'torcedorcoral.com' ... foi apenas uma experiência que tive na Bienal do Livro agora em outubro !!!!


Abraços e Felicidades,

André Coutinho (Tricolor Virtual)

Silvia Góes disse...

manda pra mim teu e-mail...

Josias de Paula Jr. disse...

Magna, "caricatura de um psicanalista" é genial! Como já comentei outras vezes - e já fizeram isso aqui nesses post - você faz da "falta" um motivo, um tema para escrever. E isso é muito legal.
Ando longe dos blogues e da escrita, mas é passageiro. O bom é saber que estás a todo o vapor: escrevendo sempre, e escrevendo como sempre bem.
Um abraço carinhoso em ti!

Magna Santos disse...

Andre, minha relação com o futebol é quase nula, só na copa eu me assanho. Como já te disse, tenho uma admiração pelo Santinha (embora não tenha time) e essa torcida tricolor maravilhosa. Ainda descubro o que faz os tricolores escreverem bem.

Josias, que essa fase passe logo. Já vi que postou letras novas lá. Vou ver com calma.
Que bom que gostou da "caricatura". Vamos seguindo com alegria, com ou sem inspiração.

Beijos!
Magna

David Jr. disse...

Concordo com a Magna. A alguns dias não há inspiração em mim, procurei no meu ser poético as palavras que eu precisava para expressar a desvio que me tirou por um tempo das escritas. Estive em "coma poética".

Dimas Lins disse...

Magna,

Lendo o teu desabafo, encontro de fato, boa poesia. Vamos embora arrancar voz da garganta e letras das mãos, porque a vida é assim, às vezes fala, às vezes, cala.

Entre o silêncio e a palavra, fico com as sementes jogadas por aqui.

Dimas Lins

Magna Santos disse...

David Jr., pelo que vi no teu blog, você é um jovem rapaz em busca das palavras. Isto por si só diz que você está longe de qualquer coma. Vamos em frente.

Dimas, muito obrigada pelo carinho e delicadeza. Vamos embora, então. Dividindo palavras e somando sementes, porque o 'estradar' é muito fértil.

Abraços.
Magna

A Autora disse...

Ora, ora... eu não disse que era hibernação?
uááááaáááááááááá... vejo que você hibernou menos que eu... mas estamos de volta, na ativa.