Chuva no mar
Na serra
No Rio.
Chuva em quase todos os lugares
Há quem culpe os mortos e desabrigados
Por estarem mortos e desabrigados
A sensibilidade cede lugar à defesa
Quando a culpa fala alto.
País de muitas terras para poucos donos
País de muitas esperas
Enquanto as culpas são disseminadas
Enquanto os dedos em riste são usados
São Pedro e São José se compadecem do sertanejo
Gotas muitas, abundantes
Molhando sementes cansadas de esperar no chão ardente...
Chove no cariri.
Chora, semente, de alegria.
Chora, meu povo sofredor
Chora do alto
De longe
Do asfalto
De tristeza
De saudade
De coragem
Chora
Porque chorando
Chove
Dentro de si.
Magna Santos
Na serra
No Rio.
Chuva em quase todos os lugares
Há quem culpe os mortos e desabrigados
Por estarem mortos e desabrigados
A sensibilidade cede lugar à defesa
Quando a culpa fala alto.
País de muitas terras para poucos donos
País de muitas esperas
Enquanto as culpas são disseminadas
Enquanto os dedos em riste são usados
São Pedro e São José se compadecem do sertanejo
Gotas muitas, abundantes
Molhando sementes cansadas de esperar no chão ardente...
Chove no cariri.
Chora, semente, de alegria.
Chora, meu povo sofredor
Chora do alto
De longe
Do asfalto
De tristeza
De saudade
De coragem
Chora
Porque chorando
Chove
Dentro de si.
Magna Santos
*A publicação da foto foi gentilmente autorizada pelo fotógrafo Pachelly Jamacaru, cujo blog é uma "chuva" de imagens poéticas. Obrigada, amigo.
7 comentários:
Belo e propício poema, Magna!
Assim são os poetas. Conseguem transmitir beleza até na dor.
Beijos,
Inês
Lavei-me na chuva de sua poesia.
Temos o céu que merecemos? São Pedro e São José terão a melhor resposta...
Abraços, amiga.
Dizem que a chuva lava a alma. Eu prefiro creditar esse dom à poesia, que comove sem desesperar.
Belo, muito belo.
Abração.
Lindo poema Magna. E muito oportuna esta tua colocação sobre a culpa - que sempre é transferida para a própria vítima...
O que diria o grande Patativa, nosso ilustre sertanejo- o poeta social- ao ver tão pela poesia, recheada de sentimentos: da ingrata desigualdade ao agradecimento com a fé sertaneja. Porque estais longe minha Cumade? Bem que tú podia ser um caboclo das mãos de gengibre, fumando cigarro de paia, contando seu versos com um oiar expremido enquanto soltava a fumaça ao vento. Mas não para melhor fazer deus lhe fez mulé, a versão feminina do poeta social. Parabens Comadre.
Halano
Inês, o que seria de nós se não tivéssemos olhos pra enxergar a dor do outro? O "desenho" que fazemos disso é apenas um rascunho do que, de fato,acontece na realidade. A beleza sempre está lá e a dor, infelizmente, muitas vezes também.
Hérlon, você agora tão distante do nosso cariri(assim como eu), sabe avaliar também os diferentes céus. São tão diferentes, ao mesmo tempo, tão iguais...
Ana, finalmente, voltaste. Que bom! Que bom também a partilha sempre tão presente contigo, quando nos visitamos.
Fabiana, uma vez trocamos ideias sobre o sentimento de indignação. Ele não é algo bom de sentir, mas é necessário, infelizmente. Enquanto as responsabilidades não são assumidas, junto com o compromisso, temo que sofreremos desse mal...sinal que estamos vivos.
Halano, meu irmãozinho, você está é com saudade de Patativa, até a cena dele fumando descreveste, enquanto tentavas incutir na cabeça branca o horror ao cigarro. Pelo visto, foi ele que te convenceu que seria uma boa e bela imagem. O que um poeta não faz...com outro poeta. Saudade, cumpade.
Muitíssimo obrigada, minha gente.
Sigamos.
Abraços em todos.
Magna
Ah, o povo!
Este sempre será o culpado... se chove, se faz frio ou calor.
Lindo, Magna>
Beijo
Naire
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