Antes que chegue domingo, eu queria te dizer que aquela dor passou. Não tenho mais raiva de ti, não acordo mais chorando por não conseguir te ver, nem forço a mente para recordar os detalhes do teu rosto.
Não lamento mais teus cabelos não terem branqueado, nem tuas mãos, enrugado. Não. Algumas rugas já começam a me aparecer, dizendo-me que é bom, mas nem sempre necessário.
Sim, pai, estou aqui. Me acostumei a dormir sabendo da tua existência.
Antes que chegue domingo, quero te dizer que sempre te espero, mas não no presente. Te espero no futuro, quando meus pés tiverem caminhado o suficiente e os teus puderem voltar. Te espero no futuro, quando minhas mãos virarem vento e tiverem calos de uma plantação, espero, produtiva.
Te espero naquele dia que um dia há de vir. E, mesmo que não seja um domingo, te abraçarei com amor ao te ver ao meu encontro. E minha cabeça branca sorrirá, quando vir, surpreendentemente, que a tua também branqueou.
Magna Santos
Não lamento mais teus cabelos não terem branqueado, nem tuas mãos, enrugado. Não. Algumas rugas já começam a me aparecer, dizendo-me que é bom, mas nem sempre necessário.
Sim, pai, estou aqui. Me acostumei a dormir sabendo da tua existência.
Antes que chegue domingo, quero te dizer que sempre te espero, mas não no presente. Te espero no futuro, quando meus pés tiverem caminhado o suficiente e os teus puderem voltar. Te espero no futuro, quando minhas mãos virarem vento e tiverem calos de uma plantação, espero, produtiva.
Te espero naquele dia que um dia há de vir. E, mesmo que não seja um domingo, te abraçarei com amor ao te ver ao meu encontro. E minha cabeça branca sorrirá, quando vir, surpreendentemente, que a tua também branqueou.
8 comentários:
Magna, como não se emocionar?
Como ficar imune à esperança que desponta de palavras tão fortes e sinceras?
Não sei.
E emocinado, mando-lhe um abraço e um beijo na memória do seu pai.
Arsenio, cheguei agora do cinema da Fundação, onde o documentário "Uma noite em 67" me encheu de uma espécie de êxtase. E então me deparo com tuas palavras.
Sim, Arsenio, esperança. Esta é a palavra, mas tem outra mais determinante: fé. Irei acrescentá-las nos marcadores depois.
Depois que escrevo fico com uma espécie de banzo, mas me sinto em paz. Receber comentários como os teus me dá mais do que paz...porém não consigo nomear agora...talvez aquele sentimento quando nos sentimos compreendidos.
Que Deus te abençoe.
Abraço.
Magna
Magna, é isso aí. Muito bom conhecer o blog.
Obrigado pelo carinho, pela ternura.
E pela emoção, dada de sobejo.
Num diálogo que só a palavra escrita é capaz de tecer.
Em homenagem ao SEMENTEIRAS e ao amor paterno, esse trecho de Affonso Romano Sant'Anna:
"certa vez, como os irmãos
pusessem em mim trinta apelidos
querendo me degradar
notando-me a tristeza,
o pai levou-me pro quintal
entre couves e chuchus:
mostrou-me Júpiter, a enorme estrela
e outras constelações: peixes touros, centauros, ursas maiores e menores.
Tudo voltou a brilhar em mim
estrelas que com ele eu distinguia
e desde aquela noite
nunca mais pude encontrar".
Cara Comadre. Faz um bem imenso ler o seu texto, rápido, direto e forte como um aperto de mão. Mas além desse aperto de mão, sinto assim como no cumprimento o olhar. E me calo no meu contentamento, na sua grandeza e no meu aprender. A vida parece ser cheia de fases e interseções. Parabens, um abraço.
Halano
Meu cumpade, que bom tua presença aqui de volta. Estava sentindo sua falta aqui, porque não consigo cultivar este terreno mais sozinha, aliás, quando pude?
Grandeza nenhuma, meu irmão, só a do nome e, assim mesmo, como sabes, foi pretensão de papai, por quem eu fui nomeada.
Vamos em frente!
Saudades.
Abração em você, em Polly, no meu afilhado e no meu sobrinho "véi macho".
Magna
Agora me lasquei de vez, já não são mais lágrimas, mas uivos. Só mesmo um dockside para me fazer sair dessa, vou a ele.Bjs e obrigada pela emoção. Aluada
Magna,
Não há mesmo como não se emocionar, ainda mais hoje que estou um pouco saudoso.
O título vale por mil cânticos, de tão bem escolhido.
É simplesmente belíssimo.
Dimas
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