Alguém responda
Que estado d'alma
É esse que traga
Qualquer desilusão?
Que terreno é esse
Que meus pés não tocam?
Suspensos no ar...
Ou seria outro espaço?
Afinal, onde estou?
Por que não me encontro
E te encontro tão bem?
Um raio de lucidez
Permanece
Adormecido
Alguém lhe deu sonífero
Fui eu!
O medo que amarrava minhas pernas
Foi quebrado pelo vento
Afinal, o que não sei?
E o que sei?
Não passaria pelo detector de mentiras
Ou passaria pelo detector da verdade
Quero ser as pernas de tua cidade
Quero ser os braços das alamedas que amas
Quero sorrir para o sol nascente do campo
Quero me abrir junto com as janelas que vês
Ser igual as pontes que te levam
Mas, enquanto não posso
Inteira ser para ti
Me faço em pedaços
Humildemente em palavras
Em sorrisos nervosos
Esperando um acalanto teu
Um verbo, um sinal...
E chegar de mansinho
Me instalar num cantinho
Entre pedras e jasmins
Rosas e borboletas
E ser feliz
Contigo.
Magna Santos
Escrito em 2005
15 comentários:
Magna, minha querida!
Queria ter esse teu dom de dar fluidez às palavras, de poder "brincar" com elas, faze-las suaves e doces mesmo diante de um sentimento rascante.
A pedra que Drummond encontrou pelo caminho virou poesia. A tua virou jasmim.
Beijos encantados, como sempre!
Inês
É muito bom poder expressar sentimentos, Inês, bom também poder compartilhar e melhor ainda quando somos entendidos, ou seja, quando os sentimentos se encontram.
Muito obrigada.
Beijão!
Magna
Quanta paz! Fiquei em silêncio, sentindo o bronze que a luz de sua poesia me presenteou esta manhã!
Deus te abençoe imensamente, minha cara!
Abraços.
Obrigada, Hérlon. Bom você aqui.
E que Ele continue te abençoando aí com muita luz, paz e alegria.
Abração.
Magna
Sentimento que se de-compõe em palavras e, portanto, como todo amor, se (re)compõe em poesia.
Bom poder voltar a te ler (com o tempo vou tirando o atraso...).
Um abraço!
Josias, amigo, que saudade de ti. Já estou quase te chamando de Geó, pelo tanto que te reconheço na fala de Dimas e de Samarone(em algumas vezes que se referiu a você). Pois bem, seja sempre muito bem-vindo. Estava sentindo tua falta, poeta.
De fato, o amor se (re)compõe em poesia e as palavras ajudam a recompor o sujeito, juntar os pedacinhos que explodem em momentos especiais.
Beijo.
Magna
Magna, acabei esquecendo de dizer isso lá no blog... Pode me chamar de Geó. Tenha certeza de que me é mais familiar do que Josias - nome de trabalho,apenas. Como consegues ver Sama? Às vezes acho que habitamos dimensões da realidade diferentes, ou que ele foi sugado pelo Triângulo das Bermudas... Enfim, nunca encontro o rapaz. Obrigado a você pelas palavras.
Camarada, só corrigindo: e quem disse que vejo Sama? Acho que ele está mais pra Jânio Quadros do que tu: as forças ocultas vivem atuando. Brincadeira; na verdade, nunca tive nenhum contato frequente com ele não. Conheci meu conterrâneo a partir da coluna do JC e depois pessoalmente, porém pouco contato.
Essa coisa de mais familiar, Geó, é engraçado. Outro dia, falando com Dimas por telefone, no meio de uma história que eu contava, emendei: "ah, Dimas, não dá pra contar esta história por telefone não, depois te falo". Após desligar a ligação, me toquei: "mas onde é que costumo falar com Dimas pessoalmente?". Como matuta, acabo sempre estranhando esse tipo de contato, em contraste com a sensação que já conheço não é de hoje. O mesmo é com você, Pachelly, Fabiana, Arsênio, por exemplo. Pessoas amigas que tanto bem me transmitem. Como já disse, meu faro para gente boa é bom.
Abração fraterno.
Magna
Eu diria está vivenciando este poema!
"enquanto não posso
Inteira ser para ti
Me faço em pedaços
Humildemente em palavras
Em sorrisos nervosos
Esperando um acalanto teu!"
Um boa noite minha minha, escreva por mim e por muitos este viveres!
Abraço forte!
Pedaços, palavras e sorrisos. Quem quer alguém que seja inteiro? Ninguém ama inteiro. A gente sempre deixa pedaços por aí.
Lindas palavras, Magna.
Beijos.
Maravilha, Pachelly, segue então entre pedras e jasmins em busca do teu canto, não seguro, pois talvez seja pedir demais, mas sereno.
Ah, Marina, sonho com esse inteiro, sim. Porém, também entendo os meus pedaços.
Obrigada.
Beijos.
Magna
Magna,
Este último trecho do poema, embora diferente na construção, lembra uns versos de Chico Buarque que ando batucando na cabeça, sem conseguir parar:
Junto a mim morava a minha amada
Com os olhos claros, como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via
O "enquanto não posso inteira ser para ti" soa a mim como um consolo que a gente mesmo se dá diante da impossibilidade ou de ver e não ser visto. Por isso, volto a lembrar novamente da modinha de Chico:
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar, nunca me vinha
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que de tolo,
Até pensei que fosses minha
Não sei se tua intenção foi essa ao compor esses versos, mas o que senti ao lê-los. Talvez influenciado pela música de Chico.
Ainda farei uma crônica no Estradar em cima desta canção.
Dimas
Sim, Dimas, tem tudo a ver: um certo platonismo e foi nesta circunstância que escrevi este poema. Você captou direitinho.
Abraço.
Magna
Que bom poder voltar por aqui. Estava com saudades. Expressar o que vai na alma é um exercício muito bom. Eu adoro!
Beijos, flor!
Clenes!
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