quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

NÓS

Soube notícias de um mundo temerário: notas de um mundo velho, passageiro, redentor, notas de um futuro que já chegou. Uma senhora é segura por uma corda, enquanto é mordida por um cachorro...latidos engolidos por uma enxurrada. Soluços estáticos ao televisor e o replay de uma cena aglomera olhos ansiosos. Notícias de um velho mundo...

Tremi ao saber e ver uma menina de quatro anos dizer com sabedoria: "o rio levou minha chupeta...levou tudo!". Chupeta que no meu interior leva o nome de "consolo". Substituindo a palavra, o sentido traz o ponto certo ao drama.

E o nó na garganta me levou a sentir-me também água, melhor, gota. Foi quando olhei o cajueiro e seus nós também me mostraram outra serventia, transformando-se em marcas nos galhos, apropriadas a um armador natural, sem o range-range que acompanha costumeiramente o balanço em qualquer alpendre.

Recordei ainda uma conversa de irmãos sobre lembranças de uma infância marcada por poucos encontros e fortes despedidas. Mais nós.

Cogitações, constatações...e a botânica parece associar a variação do número de nós ao crescimento de uma planta, não sei bem. Mas bem sei que muitas vezes somos feito elas - as plantas. Nosso desafio é transformar os nós em laços no momento certo.
...
Ou, quem sabe, aproveitar a riqueza da palavra e transformar o substantivo em pronome.


Magna Santos

2 comentários:

Arsenio disse...

Magna, belo poema em prosa. Ou poema puro.
Não importa.

Os versos finais são de um simplicidade arrebatadora, e poucos sabem aliar simplicidade belez.

"Mas bem sei que muitas vezes somos feito elas - as plantas. Nosso desafio é transformar os nós em laços no momento certo.
...
Ou, quem sabe, aproveitar a riqueza da palavra e transformar o substantivo em pronome."

Como diríamos la no FUSCA: NO TOITIÇO!!

Bjos do amigo
Arsenio

Magna Santos disse...

Arsênio, o que mais posso te dizer? Muito obrigada, meu querido e generoso amigo.
Beijão.
Magna