Esqueci teu aniversário, lembrei apenas do índio que compartilha o dia teu. Tu, pequeno como te julgavas, deve se alegrar por partilhar a data com estes esquecidos de tudo. Eles que um dia foram muitos, como testamento, não deixam nem terra nem água, pois não consideram nada como seus. Deixam, como tu: a vida, a lida e o muito do que não têm.
Assim, Bandeira, em nome de todos os esquecidos, que teu nome seja asteado em todas as estações, sobretudo no inverno, aquecendo os desabrigados.
Assim seja.
Magna Santos
*É pra Bandeira, mas a publicação deste vai, especialmente, para meus generosos amigos do blog No Toitiço e o poeta Tadeu Rocha, cujo pedido acabo de responder com esta publicação.
Assim, Bandeira, em nome de todos os esquecidos, que teu nome seja asteado em todas as estações, sobretudo no inverno, aquecendo os desabrigados.
Assim seja.
Magna Santos
*É pra Bandeira, mas a publicação deste vai, especialmente, para meus generosos amigos do blog No Toitiço e o poeta Tadeu Rocha, cujo pedido acabo de responder com esta publicação.
11 comentários:
Belo, Belo minha doce amiga.
Como diria o próprio Manuel.
Que, decerto, lá do Alto, nos acena, e emocionado, sorri.
Vale a pena lembrar deste antológico poema dele, escrito em 1947...
" O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem."
Rio, 27 de dezembro de 1947
Magna, grato pela atenção. Gostei tanto do poema que não consegui ver o Sementeiras sem ele. João Carlos lá no fusca evidenciou os versos que mais me agradaram ("teu nome asteado/aquecendo os desabrigados".
Deixo um poema de Bandeira no qual ele utiliza versos de vários outros poemas de sua autoria. Abaixo do poema uma nota do poeta.
ANTOLOGIA
A Vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem, mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora pra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
— A dor de ser homem . . .
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.
Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me da lições de partir.)
Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Este poema é um centão. A palavra "centão" nada tem a ver com "cento"
e vem do latim "cento, centonis", que significa colcha de retalhos. . . .
Tive a idéia de construir um poema só com versos ou pedaços de versos meus
mais conhecidos ou mais marcados da minha sensibilidade, e que ao mesmo
tempo pudesse funcionar como poema para uma pessoa que nada conhecesse
da minha poesia. (De uma carta de Manuel Bandeira a Odylo Costa Filho)
Meus amigos, nem sei o que dizer... Receber de vocês tão preciosos presentes é muito muito muito bom.
Arsênio, havia esquecido deste poema. Meu Deus, como é forte e triste e digno.
Tadeu, lindíssimo! Não conhecia. Belíssimo. Adorei a ideia do Bandeira. Fabulosa.
Muitíssimo obrigada pelas palavras, por tudo.
Beijão.
Magna
Obs.:Tadeu, eu que agradeço. A atenção foi tua, pois não ía mesmo publicar aqui.
Genial, per si, esse poema colagem de Bandeira, que Tadeu nos trouxe.
Cada verso, um universo particular do Poeta.
Um poema singularíssimo.
Tadeu é assim. Como o poema inusitado de Manuel.
"Uma Faca Só Lâmina", para lembrarmos de nosso outro contemprâneo, tal qual Bandeira: João Cabral de melo Neto.
Abraços para os dois.
Magna e Tadeu.
E uma saudação eterna para Cabral e Manuel.
Um pequeno GRANDE recado, Magna!
És uma autêntica tecelã de palavras.
Beijo,
I.
Arsênio, ótimo lembrar do João Cabral de Melo Neto. Salvo engano, ele e Bandeira eram primos. Eram?
Beijão pra você, meu amigo.
Inês, muito obrigada.
E tu tens, como sempre, arrasado no Dois Rios. Tenho acompanhado tudinho, todas as declarações de amor. Belíssimas.
Beijão.
FELIZ PÁSCOA PARA VOCÊS E TODOS OS SEUS.
Magna
Minha amiga, eram sim. Não legítimos, mas de 2º grau. Irmãos na poesia, Cabral não conseguia ficar à vontade perto de Bandeira, tamanha era sua admiração. Ele, homem de poucas palavras, dava um jeito e sempre levava Vinicius quando iam encontrar o Poeta ,que àquela altura já morava em Copacabana.
Feliz Páscoa, minha amiga. Que Deus proteja a ti e a todos nós.
Boa Páscoa amiga, tudo lhe seja espiritual!
Abraços
Magna,só um minutinho que estou anotando.Depois de tanto biscoito fino quem precisa de chocolate ?
Depois de me nutrir no teu Sábado Som (que foi No Toitiço), posso te responder: ninguém.
Abração, meu amigo.
Magna
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