Há palavras que nos atingem como flechas no coração. Não para nos ferir, mas para nos encher de pranto, de sentimento em dias que as emoções andam meio esquecidas ou apenas lembradas com pouca atitude. Nem tudo pode ser tão prático, tão instantâneo por mais que uns insistam em assim querer.
O sentimento de compaixão, de olhar o outro, de considerá-lo próximo, irmão é um desses sentimentos que nos acordam as emoções e nos abrem os olhos para alguma falta de ação.
Cheguei agora do trabalho, entro no Sementeiras, acesso meus afins (assim nomeados por mim) e dou de cara com lágrimas que inundam uma lata d'água. Eu, que tanto já as vi nas cabeças dos meus conterrâneos. Sim, eu que tenho uma em casa que tanto as levou, hoje ainda tentando também escrever o nome, embora sem ajuda minha nem de ninguém. Há emoções que também calam qualquer teoria e pede prática. Que nos dão um soco no estômago para, talvez, lembrarmos que ali pertinho bate um coração.
Obrigada, Luna, pelo soco e pelas lágrimas. Um dia serei melhor. Quem sabe hoje mesmo eu me torne uma pessoa melhor depois do que senti, depois das tuas Palavras-pontes que me uniram a minha consciência cidadã. O Coque, certamente, dá lição a todos nós. A menina, sem dúvida, verá seus netos criados e, quando eles estiverem distantes, quem sabe passando uma temporada em alguma cidade do interior, receberão cartas afetuosas, cheias de saudade, escritas com uma caligrafia caprichada de avó.
Todos nós somos responsáveis pela falta alheia, quando não a sentimos dentro de nós, quando podemos tentar preenchê-la. Sim, somos. Um dia vi um depoimento de uma mãe, cuja filha tinha sido morta por bala "perdida". Ela lembrava do velório, dizendo da grata alegria quando uma outra senhora (da rua) apareceu para transmirtir-lhe os pêsames e contou as várias vezes que sua filha havia lhe ajudado, fatos que a mãe nem suspeitava. Por fim, ela emocionada lembrava, no depoimento, do que a filha sempre lhe dizia: "faça o bem em abundância, faça exaustivamente, pois o mal que nascer de uma omissão sua, será de sua responsabilidade".
Bem, acho que é isso.
Magna Santos
4 comentários:
Que bom te ouvir, Magna. Que bom saber que as palavras fizeram pontes e deixaram as sementes nas Sementeiras. Há tantas histórias... há tanta gente maravilhosa em nossas periferias... quando as escuto, percebo o quanto há de bom na humanidade. E o quanto há de ruim para permitir que anjos como esses vivam tão esquecidos e tão mal cuidados. Um grande abraço.
Adorei o apelo do faça o bem.
Falar e fazer do bem é fundamental no mundo em que vivemos com muitos falando do mal.
Um texto ótimo adoreii !!!
Grande beijo.
Oi Magna
"Fazer o bem sem olhar a quem", esta é a minha máxima, não sei de quem é esta frase mas procuro segui-la a risca.Minha mãe sempre me repetia isto e eu não entendia a grandeza da frase.Hoje,já na idade dela , com certeza entendo bem.
Um grande abraço de quem muito te admira!
Luisiana
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