Desarrumei as gavetas, destrocei a cama
Esperei o sol nascer para lhe perguntar onde estava quando eu dormia
Hoje percebi que tenho 35 anos
36 ano que vem
Muita coisa pra fazer
Nenhum filho pra cuidar
Muitas crianças pra olhar...que não são minhas
Ao menos se ele se chamasse Pedro
Ao menos se ela se chamasse Clara
Ao menos se minha barriga mexesse
Ao menos hoje
Amanhã talvez não chegue como eu esperava
Ou chegará
Só saberei de hoje
Os idosos me esperam como a uma mãe
As crianças me aguardam como a uma tia
E eu vivo entre o esperar e o fazer
Só hoje
Pois é o tempo que tenho
O Ceará pode esperar por amanhã
Pernambuco não.
O jasmim plantado por minha vó me perfuma de lá
O gosto de pequi sobrevive mesmo nos tempos de seca
Calmo paraíso aquele que existe
Entre a minha rede e o meu coração.
Escrito em 2005.
Magna Santos
7 comentários:
Minha cara Magna,
ainda que não tenha tuas próprias crianças, vc tem muitas sementes e muitas colheitas.
Muitas.
Muitas.
Sementes de palavras, até para os que não te conhecem, como eu.
Sementes de sensibilidade, para todos.
Sementes de carinho, para as crianças que não são tuas. Para os que te conhecem e te amam. Para os idosos que te esperam...
Parabéns e continue semeando...
Por si só, és uma mãe de seios fartos de uma espirituososidade, que amamentam as crianças do mundo, outras mães, poetas, palhaços de circus, os fotógrafos, a natureza, mães sem mães, enfim, uma mãe Magna!
Deus te abençôe querida mãe do bem!
Abraços meus
"Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar;
Ando tão à flor da pele que teu olhar, flor na janela, me faz morrer..."
Suas palavas comovem e acalentam... To assim vazando essa saudade pelos cantos!
Abraços.
Magna, querida!
Os frutos de amanhã nada mais são do que as sementes de hoje. Havemos, portanto, de plantá-las em solo fértil, adubá-las e regá-las com muita determinação, para que possamos, então, colher os sonhos, desejos e esperanças que haitam em nós.
Já disse, mas vou repetir. Adoro os seus textos.
Beijos,
Inês
Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada! Fico sem saber o que dizer a vocês.
Abraços!
Magna
Magna,
Tuas palavras são de filha gentil e mãe generosa. Ainda que não tenha tua própria cria, crias, com o que te cabe, o amor genuíno, que são próprios de mães. Por isso, ainda que não sejas, já és mães na dimensão do amor que sentes.
Abraços,
Dimas Lins
Postar um comentário