quinta-feira, 8 de julho de 2010

LUDOVICO

Esqueceram a cacimba no lugar
Mudaram as cercas
Cavaram a estrada de sulcos compridos
Estreitaram
Colocaram tijolos na casa de taipa
O olho d'água chorou
Distribuíram meninos em casas distintas
Quebraram a porteira
Plantaram flamboyant

O jasmim continua lá

A cozinha abriu-se em outra porta
Fecharam a janela
Aumentaram o alpendre
Nasceram mais meninos
A luz chegou
O candeeiro apagou
As estrelas diminuíram
As velhas rezadeiras também

O jasmim continua lá

Alguns pés já não marcam o terreiro
Outros tantos já nasceram
Outros seguiram
Cresceram

E o jasmim continua lá

Continua como continua
As ripas da casa
Como continua a mesma pisada
De quem não vive sem um aperto de mão
Um abraço
Um aceno
Um choro entalado na garganta na hora da despedida.


Magna Santos

8 comentários:

Clenes Calafange disse...

Que gostoso parece ser o Ludovico! E o tempo vai passando de um jeito que vemos as coisas de uma forma quando pequenos e de outra quando adultos. Sensacional! Beijos!

Anônimo disse...

Magna,mais uma vez parabens pelas belas palavras. Pra quem esta longe e uma bela desculpa para colocar as lagrimas para fora.kkk Beijão. Anninha

Beta Martins disse...

Ludovico lugar mágico q o Jasmim escolheu p ser eterno...
Beijão Magna
Beta Martins

Eduardo Trindade disse...

Hum, gosto tanto de lugares assim...
E o poema... parece canção. Tem música?
Abraços!

Hérlon Fernandes disse...

O Ludovico lhe conferiu excelentes ares! Amei tudo isso! São mais que palavras - é toda a alma de um lugar.
Abraços, querida.

Unknown disse...

Muito bom,Magna .Realmente eu nao comhecia mas vc esta de parabens.Beijos

Anônimo disse...

Hoje sentei nos bancos centenários do alpendre velho e fiquei contemplando o jasmin-laranja, talvez poderiamos chama-lo de Tio, já que plantado pela D. Adalgiza em 42. E fiquei imaginando o quanto lembrado ele é!
Halano

Magna Santos disse...

Clenes, acho que vejo estas coisas hoje igual quando era pequena.

Anninha, é bom deixar as lágrimas rolarem! Porém, se tu não estavas lá recentemente, o teu filho estava. E isto é também muito bom.

Beta, como Halano disse acima, o jasmim foi plantado pela nossa avó, na verdade, cinco anos antes dela partir. Ela deixou pra família toda este símbolo de força e delicadeza. Não consigo pensar no Ludovico sem ele. Nós nem a conhecemos aqui, mas é como se aquelas folhas, aquele verde dissesse tudo que precisamos escutar dela.

Eduardo, tem várias canções, uma sempre me vem à mente, quando lá piso: "estou de volta pro meu aconchego..."

Hérlon, tem alma mesmo, a alma de todos nós.

Bibi, que bom você por aqui! Volte sempre.

Cumpade, é pra maltratar? Amanhã é dia de manhã no Ludovico, né? De conversa fiada, de falta de coragem para ler para Padin o que escreveste... Pois bem, peça a bênção ao tio (jasmim) por mim e diga a ele que já que ele continua lá, eu, por ora, estou por aqui.

Abraços em todos e obrigada.
Fiquem com Deus!
Magna