Queremos ser outro
Residente no imaginário
Este aqui de carne e osso
E veias
E sangue
Ah, este é mesmo o que pulsa e se movimenta
O outro...parado
Estático
De nada
Permanece adormecido no fundo da lagoa
...
E espera que um belo dia
Possamos tirá-lo de lá
Quando, enfim, nos afogaremos.
Magna Santos
*Escrito após a leitura de um poema do grego Konstantino Kaváfis, publicado no blog Quemerospoemas de Samarone Lima.
sábado, 4 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
Cara Comadre. Que bom ler e imaginar o imaginário. Mas não nos afoguemos com esse estático, vamos só olhar com cuidado esse preguiçoso, tendo cuidado para não botar-lhe olhado. Vamos só dizer a mãe dele que ele nada faz, e só vive na lagoa. Ai ela tira ele de lá e bota pra cuidar na vida.
Halano
Ah, mas como é bom se afogar! Ainda mais num poema, entre versos com rimas simétricas ou não.
Afogar-se assim é mergulhar em poesia pura.
Dimas Lins
Ainda sem computador, só agora pude receber os comentários de vocês e tentar respondê-los.
Cumpade, a "mãe" dele somos nós mesmos. Portanto, meu irmão, impossível tirá-lo de lá, nem falando grosso.
Dimas, essa experiência de afogamento só é bom nas palavras, na vida real, mergulhar atrás de um outro que não existe é bem dolorido.
Obrigada.
Abraços.
Magna
Para isso existe o teatro, a literatura. Para sermos nós, sendo múltiplos... Este afogamento é bom e nos devolve a nós mesmos, renovados, com fôlego para novo mergulho.
É, Fabiana, é uma forma de sentir e viver. Nada como o teatro, a literatura ou, quem sabe, terapia.
Vamos que vamos!
Por falar em ir, não estou esquecida da visita que te prometi, mas o relógio anda implicando comigo. Promessa é dívida.
Beijão!
Magna
E ai de nós se não fosse a expressão pela arte!! Nos afogaríamos em nossas angústias existenciais, sem podermos externalizá-las através de nossas criatividades. Viva a angústia criativa!!!
E olha que, me vei a mente quando li o poema, entre aquele que está olhando o fundo da lagoa e o outro que está submerso, há o reflexo que a superfície da água projeta. O "nós" se divide mais ainda... e reflete, e refrata...
Viajei!
O que importa é que fizeste mais um (profundo) poema.
Borboleta, como Luna, você nos lembra uma "alternativa", de fato, tranquila. Viva a arte!
Josias, querido camarada, tive um problema com este poema (como já tive com outros): lidar com diversas interpretações que não aquela que intencionava, quando o escrevi. É um exercício de desapego. Cheguei a pensar no fracasso por causa disso e o sentimento de frustração me dominou, confesso. Depois recuei do sentimento ao constatar que as "diversas interpretações" eram tão legítimas e importantes...como poderia eu pensar em tanto? Assim, viva o fracasso de quem escreve! Viva a vida independente das palavras!
Você me trouxe uma viagem maravilhosa com o "nós". Muito obrigada.
Beijos.
Magna
Postar um comentário